quinta-feira, 2 de abril de 2015



Já não estavas aqui
para sentires o cheiro da chuva
e da terra molhada

 
Já não estavas
quando os ventos agrestes
despiram as árvores das folhas amarelecidas

E aqueles bandos de pássaros
que de manhã voavam em direção à serra
e ao fim da tarde regressavam
em direção ao mar
já não os voltaste a ver


E esta brisa quente
a anunciar os dias de céu azul
e de sol radioso
bem como as noites mornas
de lua prateda e estrelas cintilantes
jamais a sentirás em teu rosto


Já não estás aqui

mas está cada momento


cada página duma história


memória guardada no tempo



sábado, 28 de fevereiro de 2015



E veio a manhã
que nos acordou para o sonho


 E fomos cidade ensolarada
mais tarde salpicada
por finas gotas de chuva


E fomos pedras da calçada
brisa agreste junto ao rio
travessia pela ponte


E fomos noite, fomos fado
canção de embalar
luar encantado



E hoje, anos depois

acredito que sejas estrela

 a brilhar sobre aquele lugar
por onde minha saudade caminha
lado a lado

com tua luz




quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015



Sonhámos uma noite de estrelas
refletidas nas águas dum rio
que se estendia a nossos pés
 
Sonhámos uma cidade
adornada por viçosas flores
salpicadas pelo orvalho da manhã

Sonhámos pedras da calçada
a conduzirem nossos passos
até onde sonho houvesse
 
Sonhámos guitarras e fado
gemidos na madrugada
serenata ao luar
 
 
 
Sonhámos momentos sem tempo
prazer sem limite
 paraíso na terra 


 

sábado, 14 de fevereiro de 2015



Foi um dia perfeito
nascido do encanto e da magia
dum sonho
 
Teve um céu azul
aquele dia
e um rio cristalino a oriente
 
 Teve em cada recanto um jardim
 onde colhemos mil flores
nos mil beijos trocados
 
 
Anos passaram
e hoje
sem ti
folheio o livro da nossa história
e lá o encontro
escrito por mim e por ti
naquele dia
algures
num lugar de felicidade

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015



Havia um chão
atapetado pelas flores
que brotavam dos olhares
dos sorrisos
dos beijos e abraços
a suavizar os passos
duma dura caminhada

Hoje há um chão duro
sem flores que suavizem
 os passos solitários
que trilham a saudade

Há um recordar
dos caminhos de outros tempos
que nos levavam a lugares 
onde colhíamos as flores
nascidas dos sonhos



sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015



Existe um vazio
presente em cada momento
em cada recordar
 
 
Existe bem guardada uma história
feita de tantas histórias
tão cheia e tão vazia de ti
 
 
 
Existe a ausência de partilha
na lembrança dos dias partilhados
 
 
 
Existe a solidão deixada
pela partida sem regresso
para um lugar algures
perdido num tempo sem tempo 


 

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015



Naquele dia
 
nas margens do lago
 
provámos o sabor do mel e do sal

nos beijos que fomos colhendo
 
orvalhadas flores
 
a inebriar as emoções
 
a perfumar os momentos
 
a adornar o trilho
 
que nos levou do encanto do sonho
 
á desejada realidade
 
duma vida partilhada
 
tão simples como uma flor