sexta-feira, 31 de outubro de 2014



Cada folha caída
é memória
duma história
por nós vivida
 
E é memória
daquela primavera
a última
que te roubou
a seiva da vida
e te fez tombar
qual folha morta
em chão tão frio
 
 

quinta-feira, 30 de outubro de 2014



Fomos tempo que passou
 
Fomos dia, fomos noite
tempestade e calmaria
 
Fomos a sede e a água
fomos sal, fomos mel
 
Fomos o longe e o perto
fomos fome, fomos pão
 
Fomos sol e fomos sombra
fomos luar e penumbra
 
Fomos sorriso e lágrimas
fomos dor, fomos prazer
 
Fomos o tudo e o nada
o princípio e o fim
 
 

domingo, 26 de outubro de 2014



Éramos nós o Outono
dias amenos
dias agrestes
entardeceres dourados
noites ventosas, chuvosas
noites que contavam histórias
de tempos antigos
de tempos errantes

Éramos espera de novo tempo
 de novo florescer

E esse tempo chegou
porém, sem flores de esperança

Foi tempo árido
chão de folhas mortas

E foi aquela noite primaveril
que te levou
para onde, presumo
não haja Outono
nem Primavera
para esse Além
sem tempo

sábado, 25 de outubro de 2014



Diante de meu olhar
surgiu um céu
onde as estrelas agonizavam
e morriam
 
Assim foi aquela noite
em que cada momento
por nós vivido
em que cada letra
do nosso alfabeto
nosso código secreto
foram agonia
que ali começou
abismo que se prolongou
pela eternidade
da tua partida
fim de uma vida 
a dor da saudade
 
 

sexta-feira, 17 de outubro de 2014


Folhas que tombam
gotas de chuva que caem
ventos que sopram
e me sussurram baixinho
aquelas palavras
que escreveram a nossa história
agora memória
dos dourados entardeceres
das madrugadas por onde semeavamos estrelas
raios de sol que colhiamos ao amanhecer
Cada vez mais se distancia o momento
em que partiste para esse lugar sem tempo
esse desconhecido
esse além
Ficou porém aquele Outono 
lembrança dos dias
em que fomos felicidade

quarta-feira, 15 de outubro de 2014



Neste regresso às origens
aos primeiros dias de nós
frios, chuvosos, ventosos
recordo aquela lareira inventada
acesa pelo sentimento
nascido do sonho
desejo que anulava a distancia
com palavras que nos uniam
nos aqueciam
alicerce dum futuro
desenhado a dois
chão e céu
enfim alcançados
um dia perdidos
 
 

sábado, 11 de outubro de 2014



Lá fora
o Outono acontece
 
Das árvores
desprendem-se as folhas
Do céu
desprendem-se os ventos e as chuvas
 
 
Mas de teus lábios
jamais se desprenderão as histórias
que nos aconchegavam nas noites frias
 
Quantas e mais quantas vezes
recuaste aos tempos de menino
e me levaste a viajar pelo teu Alentejo
teu berço querido
 
Refugiavas-te nas memórias felizes
suave brisa
cintilante arco-íris
em vida sombria
Outono sem cor


sexta-feira, 10 de outubro de 2014



Neste dia
que foi teu
ao longo de uma vida
deixo minha homenagem
a ti
que de Poeta
dizias ser Aprendiz
que das Palavras
dizias ser Calceteiro
 que das Palavras sem Rumo
fizeste palavras com rumo certeiro

Minha homenagem
são lembranças
recordações bem guardadas
bem cuidadas
dos momentos que foram nossos
 
São flores
a teus pés
em chão de terra fria
 
É meu olhar
que se eleva
e contempla o céu
onde és estrela a brilhar
e a iluminar
a noite de meus dias