sábado, 27 de dezembro de 2014



Julgo ter ouvido
ecos distantes
vindos de tempos longinquos
de melodias de Natal
e de sinos a tocar
 
E julgo ter visto
um brilho no céu
uma estrela que desceu
e o Natal
 foi mensagem de amor
foi esperança
 vinda do além 
 
 

 

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014



É um Natal sem ti
este que se aproxima
 
Sem aconchego
sem luz
sem aroma 
sem sabor
 
É uma lareira apagada
Um lugar vazio na mesa 
 
É uma saudade imensa
dos dias que foram Natal
esperança por nós partilhada
em tempo de Amor e de Paz
 
 

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014



Existe a meu lado
um lugar vazio
preenchido pela tua ausência
 
Tal como dentro de mim
existe uma alma
que a tua partida vestiu de negro
 
 
E inquestionável é este interminável luto
esta dor solitária
refúgio de meus dias
em total renúncia ao mundo
 
Porque o mundo 
era tudo o que juntos íamos construindo
pedra a pedra, dia a dia
até ao dia que ruiu
deixando um lugar vazio
e uma alma sem abrigo
 
 

sábado, 6 de dezembro de 2014



Mais uma vez
percorri aquele caminho
chão de terra
onde caíram lágrimas
de dor e de saudade
naquela manhã primaveril 
 
 
Foi tanto o que juntos vivemos
 
Foram tantas as noites
de um luar inventado
por onde voavamos 
rumo a um céu
bordado de estrelas


Até que vieram as noites
sem luar nem estrelas
apenas de dor e angustia 
e de prenúncio do fim

E vieram os dias
em que fingimos a esperança
e o silêncio que calava as palavras
era ferverosa prece
que se elevava ao céu
rogando um milagre
 
 
Porém, os dias de nós
a esperança e a espera
terminaram naquele chão de terra
naquela manhã de primavera
 
 
 
 

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014




 O arco-íris
que coloria os dias
o sal 
que dava sabor aos momentos
o mel 
que suavizava a amargura da vida
levaste-os quando partiste


Levaste as estrelas que acendiam as noites
e o luar que acariciava os sonhos

Levaste os abraços que nos aqueciam
e aquela nascente de amor
onde bebiamos os beijos
que nos saciavam a alma

domingo, 30 de novembro de 2014



Seis meses passaram
desde a noite que partiste
para esse lugar
sem tempo nem regresso
 
Seis meses passaram
após aquele dia
angustiante, assustador
aquele fim de tarde
interminável 
prenúncio de uma noite
negra, tão negra
da cor do luto
de que se vestem os dias
vazios de ti
 
 
 

sexta-feira, 28 de novembro de 2014



Trémulos e receosos
são os passos
que trilham o caminho
vazio de certezas
 
Passos solitários
rumo aos dias
 sem ti
 
Dias sombrios 
que desaguam em noites
desprovidas de estrelas
e de sonhos
 
 
 
 

domingo, 23 de novembro de 2014



Para além daquela elevação de terra
onde uma placa com um número inscrito
assinala o lugar 
onde o teu corpo repousa
ficou esta saudade imensa
a corroer os dias
que mais não são que memória
dos dias que foram nossos 


sexta-feira, 21 de novembro de 2014



Recordo aquele dia
em que me atrevi
a chegar a ti
e te convidei a ler
 as palavras que escrevia

Desse dia em diante
foste leitor de sonhos
de emoções, ilusões
e de tanto, tanto mais

Até que um dia
foste o sonho
que as palavras escreviam

Mais tarde
sonho vivido
na partilha duma vida
 

domingo, 16 de novembro de 2014



Por teu olhar
vi a simplicidade da vida
Teu olhar 
pousava nas coisas belas
e aí se detinha
em contemplação


Era um olhar triste
a esconder tantas histórias
e a revelar tantas outras
Era um olhar triste
espelho duma alma sem abrigo
aquele que um dia
pousou no meu

E daí em diante
foram sorrisos
nossos olhares
em dias felizes 

segunda-feira, 10 de novembro de 2014



É uma tristeza imensa
o que sinto correr-me nas veias
algo que me angustia e enfraquece
a um ritmo desesperadamente lento
corrente que sinto arrastar-me
para um abismo 
que a dor distancia de mim
para que tenha todo o tempo do mundo
para a sentir
em sua plenitude
sem possibilidade de alívio algum

É a tristeza
dos intermináveis dias sem ti

É a saudade
dos dias de nós


É o recordar dos tempos
em que ousámos ser felizes

domingo, 9 de novembro de 2014



Aquele baú de memórias
coberto pelas folhas amarelecidas
deste outono sem ti
é ferida que não cicatriza
que tinge de sangue
os amanheceres
outrora iluminados
pela luz de teu olhar
os entardeceres
outrora dourados
prenúncio
de noites de estrelas
que nos embalavam os sonhos 

terça-feira, 4 de novembro de 2014



Neste Outono
os dias são longos
tão longos
excessivamente longos
tão diferentes dos dias 
daquele outro Outono
começo da nossa história
e ainda daquele outro
início de partilha de vida
Outono dourado
por nós alcançado
sonho vivido
 
Este é o Outono das memórias
dos Outonos que fomos
daquela lareira inventada
aconchego nas noites frias
 
É Outono sem poesia
sem sol a brilhar á meia noite
 
 
É solidão
ausência do que fomos
dor de perda que persiste
que se intensifica
ao ritmo do passar dos dias
vazios de nós
 
 

sexta-feira, 31 de outubro de 2014



Cada folha caída
é memória
duma história
por nós vivida
 
E é memória
daquela primavera
a última
que te roubou
a seiva da vida
e te fez tombar
qual folha morta
em chão tão frio
 
 

quinta-feira, 30 de outubro de 2014



Fomos tempo que passou
 
Fomos dia, fomos noite
tempestade e calmaria
 
Fomos a sede e a água
fomos sal, fomos mel
 
Fomos o longe e o perto
fomos fome, fomos pão
 
Fomos sol e fomos sombra
fomos luar e penumbra
 
Fomos sorriso e lágrimas
fomos dor, fomos prazer
 
Fomos o tudo e o nada
o princípio e o fim
 
 

domingo, 26 de outubro de 2014



Éramos nós o Outono
dias amenos
dias agrestes
entardeceres dourados
noites ventosas, chuvosas
noites que contavam histórias
de tempos antigos
de tempos errantes

Éramos espera de novo tempo
 de novo florescer

E esse tempo chegou
porém, sem flores de esperança

Foi tempo árido
chão de folhas mortas

E foi aquela noite primaveril
que te levou
para onde, presumo
não haja Outono
nem Primavera
para esse Além
sem tempo

sábado, 25 de outubro de 2014



Diante de meu olhar
surgiu um céu
onde as estrelas agonizavam
e morriam
 
Assim foi aquela noite
em que cada momento
por nós vivido
em que cada letra
do nosso alfabeto
nosso código secreto
foram agonia
que ali começou
abismo que se prolongou
pela eternidade
da tua partida
fim de uma vida 
a dor da saudade
 
 

sexta-feira, 17 de outubro de 2014


Folhas que tombam
gotas de chuva que caem
ventos que sopram
e me sussurram baixinho
aquelas palavras
que escreveram a nossa história
agora memória
dos dourados entardeceres
das madrugadas por onde semeavamos estrelas
raios de sol que colhiamos ao amanhecer
Cada vez mais se distancia o momento
em que partiste para esse lugar sem tempo
esse desconhecido
esse além
Ficou porém aquele Outono 
lembrança dos dias
em que fomos felicidade

quarta-feira, 15 de outubro de 2014



Neste regresso às origens
aos primeiros dias de nós
frios, chuvosos, ventosos
recordo aquela lareira inventada
acesa pelo sentimento
nascido do sonho
desejo que anulava a distancia
com palavras que nos uniam
nos aqueciam
alicerce dum futuro
desenhado a dois
chão e céu
enfim alcançados
um dia perdidos
 
 

sábado, 11 de outubro de 2014



Lá fora
o Outono acontece
 
Das árvores
desprendem-se as folhas
Do céu
desprendem-se os ventos e as chuvas
 
 
Mas de teus lábios
jamais se desprenderão as histórias
que nos aconchegavam nas noites frias
 
Quantas e mais quantas vezes
recuaste aos tempos de menino
e me levaste a viajar pelo teu Alentejo
teu berço querido
 
Refugiavas-te nas memórias felizes
suave brisa
cintilante arco-íris
em vida sombria
Outono sem cor


sexta-feira, 10 de outubro de 2014



Neste dia
que foi teu
ao longo de uma vida
deixo minha homenagem
a ti
que de Poeta
dizias ser Aprendiz
que das Palavras
dizias ser Calceteiro
 que das Palavras sem Rumo
fizeste palavras com rumo certeiro

Minha homenagem
são lembranças
recordações bem guardadas
bem cuidadas
dos momentos que foram nossos
 
São flores
a teus pés
em chão de terra fria
 
É meu olhar
que se eleva
e contempla o céu
onde és estrela a brilhar
e a iluminar
a noite de meus dias
 
 

sábado, 27 de setembro de 2014



Tudo foi tão frágil
naquele Outono
dias de nós
certezas e dúvidas
silêncios e palavras
fragilidade assustadora
do amanhã que temiamos
anos feitos de dias de medo
momentos diluidos num tempo
que teimavamos fosse nosso
 
 
 

terça-feira, 23 de setembro de 2014



Procuro-te
em cada gota de chuva
em cada folha que cai
na brisa que sopra


Procuro-te
em vão
neste Outono
outrora nosso


Procuro-te
na lembrança
dos dias de nós
do aconchego das noites


Procuro-te
na lembrança
de cada palavra
de cada silêncio


Jamais te encontrarei
Jamais escutarei
teus silêncios 
tuas palavras
Jamais sentirei teu aconchego


Visitas-me em sonhos
que o amanhecer dilui
em dias de solidão
de lembrança daquela noite
a mais longa 
de todas as noites
a noite em que partiste
 querendo ficar


domingo, 21 de setembro de 2014



Partiste
na noite mais longa
de todas as noites
aquela
em que tudo 
de repente
se tornou tão pequeno
perante aquele olhar
compadecido
que pronunciou aquela palavra
que não se quer ouvir
perante aquela presença
de eternidade
aquela vertigem
aquela dor
que anestesia os sentidos
aquele alheamento
o cruel discernimento
da palavra
 "fim" 



 

segunda-feira, 21 de julho de 2014



Aqueles dias

feitos de beijos e abraços

feitos de promessas

feitos de lágrimas que sorriam
e de sorrisos que choravam


dias que foram de espera
espera do milagre esperado


esses dias
são agora meus passos
a pisar teu último caminho
e são minhas mãos
a colocar flores

a teus pés 

quinta-feira, 17 de julho de 2014



A dor

existência de cada lugar
onde estavas
onde estiveste
onde estarias
onde não estás

ferida que se abre
a cada momento
sem ti
a cada dia
sem ti


medo
da vida 
sem ti

segunda-feira, 14 de julho de 2014




Receosa
aproximei-me

vi paz em teu rosto

ouvi
 eterno silêncio
 em teus lábios

sussurrei 
a palavra
"deixaste-me"

 chorei
por ti
por mim
por nós

entendi
palavras soltas
pensadas ou ditas
momentos dispersos
sonhados ou vividos
e guardei  

a história
por nós escrita


história de amor
no livro da vida 



sábado, 28 de junho de 2014


Bebo da saudade

a plenitude do que fomos
dos momentos 
daquele tempo que foi o nosso
sorrisos e lágrimas
doçura e amargura
dúvidas
certezas
ilusões 
desencantos 


Bebo da saudade

a memória das palavras
a memória dos silêncios

o travo doce e ácido 
do sal 

que temperou a vida



Bebo da saudade


a certeza
de nós




até ao fim

quarta-feira, 25 de junho de 2014





Não sei  


se haverá peito





que comporte esta dor