domingo, 30 de novembro de 2014



Seis meses passaram
desde a noite que partiste
para esse lugar
sem tempo nem regresso
 
Seis meses passaram
após aquele dia
angustiante, assustador
aquele fim de tarde
interminável 
prenúncio de uma noite
negra, tão negra
da cor do luto
de que se vestem os dias
vazios de ti
 
 
 

sexta-feira, 28 de novembro de 2014



Trémulos e receosos
são os passos
que trilham o caminho
vazio de certezas
 
Passos solitários
rumo aos dias
 sem ti
 
Dias sombrios 
que desaguam em noites
desprovidas de estrelas
e de sonhos
 
 
 
 

domingo, 23 de novembro de 2014



Para além daquela elevação de terra
onde uma placa com um número inscrito
assinala o lugar 
onde o teu corpo repousa
ficou esta saudade imensa
a corroer os dias
que mais não são que memória
dos dias que foram nossos 


sexta-feira, 21 de novembro de 2014



Recordo aquele dia
em que me atrevi
a chegar a ti
e te convidei a ler
 as palavras que escrevia

Desse dia em diante
foste leitor de sonhos
de emoções, ilusões
e de tanto, tanto mais

Até que um dia
foste o sonho
que as palavras escreviam

Mais tarde
sonho vivido
na partilha duma vida
 

domingo, 16 de novembro de 2014



Por teu olhar
vi a simplicidade da vida
Teu olhar 
pousava nas coisas belas
e aí se detinha
em contemplação


Era um olhar triste
a esconder tantas histórias
e a revelar tantas outras
Era um olhar triste
espelho duma alma sem abrigo
aquele que um dia
pousou no meu

E daí em diante
foram sorrisos
nossos olhares
em dias felizes 

segunda-feira, 10 de novembro de 2014



É uma tristeza imensa
o que sinto correr-me nas veias
algo que me angustia e enfraquece
a um ritmo desesperadamente lento
corrente que sinto arrastar-me
para um abismo 
que a dor distancia de mim
para que tenha todo o tempo do mundo
para a sentir
em sua plenitude
sem possibilidade de alívio algum

É a tristeza
dos intermináveis dias sem ti

É a saudade
dos dias de nós


É o recordar dos tempos
em que ousámos ser felizes

domingo, 9 de novembro de 2014



Aquele baú de memórias
coberto pelas folhas amarelecidas
deste outono sem ti
é ferida que não cicatriza
que tinge de sangue
os amanheceres
outrora iluminados
pela luz de teu olhar
os entardeceres
outrora dourados
prenúncio
de noites de estrelas
que nos embalavam os sonhos 

terça-feira, 4 de novembro de 2014



Neste Outono
os dias são longos
tão longos
excessivamente longos
tão diferentes dos dias 
daquele outro Outono
começo da nossa história
e ainda daquele outro
início de partilha de vida
Outono dourado
por nós alcançado
sonho vivido
 
Este é o Outono das memórias
dos Outonos que fomos
daquela lareira inventada
aconchego nas noites frias
 
É Outono sem poesia
sem sol a brilhar á meia noite
 
 
É solidão
ausência do que fomos
dor de perda que persiste
que se intensifica
ao ritmo do passar dos dias
vazios de nós